“A forma segue a função”, esta é a máxima que todo designer ouve desde os seus primeiros passos na faculdade, quando se depara , em suas aulas de história, com o surgimento da Escola Bauhaus, onde as atividades concomitantes entre artesãos, artistas e arquitetos privilegiavam o desenvolvimento dos primeiros projetos do que viria a ser chamado de design.
Foi também, quando a preocupação com a estética foi quase abolida. Eu disse: “quase”! Porque, segundo Oscar Niemeyer, que pensava na relação da forma com a função, “se não é bonito é uma m…!”
O Design é uma profissão, dentre tantas outras que tratam de precisão, tão séria quanto à medicina.
Pretensiosos, loucos, nós, designers?! Não! Precisos, no que diz respeito a tornar sua vida mais feliz e saudável, “curando” os males nos espaços nos quais você habita, no seu cotidiano.
Pense bem: se um designer de interiores elimina dos espaços, problemas que refletem negativamente no seu bem estar, saúde e conforto; se extirpa elementos que fazem deste ambiente um espaço de risco, organizando os espaços, elegendo equipamentos que favoreçam circulações, ergonomia, usabilidade, respeitando a sintonia com seus usuários e, além disso, o torna belo (ainda que o conceito de beleza seja muito subjetivo)…talvez agora você faça uma analogia com a medicina, mas comparando o designer a um cirurgião.
Brincadeiras totalmente à parte, Design é coisa séria! Não é símbolo de status e não é hobby. O Design é uma atividade onde seus profissionais atuam de forma a melhorar as condições de vida, dos usuários de seus projetos de produto, interiores, moda, gráfico, considerando aspectos funcionais, ergonômicos e estéticos, contemplando também cargas emocionais, perceptivas, psicológicas, cognitivas, entre outras.
Digo isso porque parece que a funcionalidade vem sendo esquecida, quando na verdade os designers ou arquitetos que se propõem a enveredar por esta área, deveriam tomar tal objetivo como pré-requisito projetual, aliando com os estudos da forma e da estética, além da relevância devidamente atribuída ao público-alvo, usuários do projeto e clientes.
Aspectos como a ergonomia, que envolve bem-estar, saúde, conforto e segurança, vêm sendo colocados em segundo plano quando o assunto é o projetar.
Portanto, se os ambientes estão doentes, o Design/Designer de Interiores é a cura! Aos profissionais, cabe o alerta sobre o fato de que descaso com os projetos pode levar à falência múltipla dos ambientes e doenças aos que os habitam. Aos clientes, cabe ressaltar a relevância para a contratação daquele que vai tratar dos ambientes, de forma incisiva, visando, inclusive, profilaxia dos espaços, sem que haja atenção, somente, para a estética. Esta última, necessária, mas não fundamental.
Por Neandro Nascimento
Designer / ergonomista / professor
nnascimento.designer@gmail.com